Fim do exame de AA

Fim do exame de AA

por Paulo Feofiloff -
Número de respostas: 5
Acrescentei ao fim da página

http://www.ime.usp.br/~pf/mac5711-2008/resources.html

algumas observações sobre o proposto fim do exame de AA (MAC5811). Qual a sua opinião?
Em resposta à Paulo Feofiloff

Re: Fim do exame de AA

por Leandro Thomaz -

Olá a todos!

Bom, o assunto muito me interessa porque ainda tenho que passar nesse exame, que inclusive estou matriculado para fazer esse semestre.

Embora fosse facilitar minha vida no momento se ele acabasse, creio que o exame tem o seu papel na formação do aluno... Principalmente para alunos vindos de outras áreas, como eu vim da engenharia, de forma a consolidar um conhecimento muito importate para a ciência da computação.

Só tenho algumas ressalvas com relação a forma como o exame é aplicado... Para algumas pessoas, 5 horas são suficientes para resolver 5 questões de 9, para outras não... Isso mede a capacidade do aluno? Talvez em ser rápido ao detectar os padrões de problemas e transformar soluções já vistas anteriormente... Mas o exame é só sobre isso? No exame passado, por exemplo, por mais que tentasse durante a prova resolver um exercício sobre algoritmos gulosos, não cheguei em nada.. No dia seguinte, acordei com uma solução pronta na cabeça... O exame avaliou a minha rapidez, mas talvez não a capacidade...

Mas, por outro lado, realmente concordo que é difícil chegar a um formato de exame que realmente avalie a capacidade do aluno. Assim como a FUVEST, é algo testado com o tempo, que acaba selecionando os bons alunos, mesmo deixando alguns outros poucos bons, que não se adaptam ao esquema do exame, de fora...

Sugestões? Talvez dividir as provas, talvez permitir a consulta ao Cormen, talvez não ter o exame e fazer o aluno de doutorado assistir a matéria e obter o conceito A... Não sei o que é mais adequado...

De qualquer maneira, concordo com o texto do Prof. Paulo Murilo de Oliveira, e creio que todos os alunos de pós devam ter o conhecimento básico e fundamental para a área! Com certeza se isso fosse uma regra, teríamos pesquisadores muito mais capacitados e que teriam uma nível de publicação (que é tão importante para a CAPES e afins) com maior qualidade...

Abraços!

Em resposta à Leandro Thomaz

Re: Fim do exame de AA

por Vanessa Sabino -
Bom, não queria ser a pessoa a discordar, mas para mim "conhecimento básico sobre conceitos fundamentais" se adquire na graduação. Tanto que eu resolvi fazer uma segunda graduação antes de começar meu mestrado pois eu era formada em Administração de Empresas e sabia que não tinha a base necessária para o mestrado em Ciência da Computação.

Nós da Ciência da Computação, diferentemente da Física, temos que fazer a prova da POSCOMP para iniciar nossos estudos de pós-graduação, o que deveria garantir que temos o tal conhecimento básico, inclusive quando nossa graduação foi em outra área.

Além disso, dada a enorme dificuldade dos alunos com a matéria, acho meio difícil aceitar que esse exame esteja testando simplesmente o "básico", e apesar de reconhecer a importância do estudo de algoritmos, acredito que talvez outros assuntos seriam também importantes para nossa formação, e sendo assim não é a existência ou não do exame que estaria evitando o cenário descrito pelo professor Paulo Murilo de Oliveira.

O que acaba acontecendo é que muitas pessoas desistem do mestrado / doutorado no IME devido a Análise de Algoritmos. Então se o papel da universidade era formar essas pessoas, o exame tornou-se um empecilho para este objetivo.

Dito isso, voltarei aos meus estudos de AA para não ser expulsa do mestrado nesse semestre sorriso
Em resposta à Vanessa Sabino

Re: Fim do exame de AA

por Vilc Rufino -
Acho que há um ponto em comum,
Somos a favor de que os estudantes de pós tenham conhecimentos básicos dentro da sua área de formação.

(Aspas)
Discordando um pouco do apresentado pelo prof. "Paulo Murilo de Oliveira", acho que ele esqueceu-se de citar o orientador, pois cabe ao orientador do programa definir o que é realmente conhecimento básico, alguns podem discordar e outros não, isso é perfeitamente normal. Ele apenas mostrou sua opnião pessoal sobre as bancas na qual ele participou, será que ele pensa o mesmo de seus orientados??
Não quero entrar nesse mérito, pois é uma discussão filosófica!!!!
(Fecha aspas)

A questão da obrigatoriedade de conhecimentos em AA para ciência da computação não vejo como problema, pelo contrário sou a favor, mas tenho ressalvas quanto ao método aplicado pelo IME-USP para avaliar este conhecimento. Pois qualquer aluno que inicia um programa de Pós-graduação em qq Universidade Pública tem um custo, esse custo é cumulativo ao longo do tempo, ou seja, minimizar o tempo do aluno significa otimizar recursos podendo aplicá-los em outros projetos.
Se o exame é aplicado antes do ingresso no programa, a USP lucra pois o aluno ainda não entrou no programa e não consumiu recurso; o próprio aluno lucra pois caso não tenha sucesso ele procura outra Univ. e também não investiu seu tempo numa área q não estava preparado.

Acho que a questão se resume em três:
1) Manter o estado atual e investir no aluno por 1 ou 2 anos e correr o risco de perder esse investimento por conta da avaliação específica em AA (prova);
2) Não ter a avaliação específica em AA, para evitar a perda de investimento, deixando para o orientador a decisão de quais disciplinas cursar e quais obrigatórias;
3) Modificar os critérios de aceitação para o programa de pós-graduação, dando ênfase nas matérias consideradas básicas.

Bem é claro q todas as opções acima tem pontos a favor e contra!!! Eu particularmente optaria por uma junção das opções 2 e 3, sou contra a prova de Doutorado e a favor da disciplina, mas é apenas minha opnião como membro da sociedade que paga os impostos. Acho que a decisão deve ser feita em conjunto com quem aplica o investimento e os responsáveis pelo curso no IME-USP, respectivamente: A sociedade q deseja otimizar os recursos e os professores que almejam uma melhor capacitação dos seus alunos, conseqüentemente do curso e da Universidade!!!

Em resposta à Paulo Feofiloff

Re: Fim do exame de AA

por J.P. Mena-Chalco -
Prezado Prof. Paulo Feofillof,

Após leitura cuidadosa de sua citação sobre o comentário do (reconhecido) professor do IF, gostaria de comentar que também concordo plenamente no sentido de que o aluno de pós-graduação (e principalmente de doutorado) deve conhecer os fundamentos essenciais do curso.

Já há um tempo no DCC do IME, vem sendo discutida a existência da prova de AA para estudantes de doutorado. Particularmente acredito que, seguindo o comentário do professor da Física, o aluno da computação deve ter uma boa base de conhecimento em análise de algoritmos. Entretanto, eu sinto um pequeno mal-estar quando lembro da forma de avaliação (uma prova de no máximo 5 horas de duração).

Eu não estou sugerindo que o departamento abra mão da prova, nem do nível de exigência considerado até agora. Estou sugerindo que a forma de avaliação seja revista no sentido de que o aluno seja avaliado ou com mais de 1 prova de maior tempo de duração, ou cursando uma disciplina propriamente dita. Pois acredito fortemente que se um aluno dedicado erra numa prova, dificilmente cometeria o mesmo erro nas demais, tendo assim a possibilidade de se recuperar da queda e por conseqüência continuar com o doutorado.

Por outro lado, na última avaliação da Capes/CNPq lamentavelmente o DCC do IME-USP não conseguiu obter um conceito maior (5 pontos). Foram muitos os questionamentos sugeridos pelos professores e alunos, sendo um deles o correspondente ao número de alunos de doutorado no departamento. Só por curiosidade, usando um script de compilação de publicações e orientações baseado no currículo Lattes, calculei a produção de 10 departamentos da USP. Fiquei surpreso ao ver que a razão entre o número de doutorados pelo de mestrados concluídos no DCC do IME é a menor de todos estes 10 departamentos (na verdade, é menor que a metade do segundo menor)
Em anexo, segue o PDF. Compilação total em: http://www.vision.ime.usp.br/~jmena/scriptlattes3/

Essas medidas, embora sendo estimativas aproximadas, talvez possam ter alguma relação com as provas de aceitação para o doutorado. Mesmo não existindo relação alguma, sugere que alguma coisa diferente dos outros departamentos está acontecendo no DCC do IME. O que será?
Em resposta à J.P. Mena-Chalco

Re: Fim do exame de AA

por Marcelo Reis -
Tenho uma opinião similar às dos colegas: o exame de AA é importante para garantir a qualidade do corpo discente, porém talvez o exame atual possa ser aperfeiçoado, como Jesús comentou acima:


"Eu não estou sugerindo que o departamento abra mão da prova, nem do nível de exigência considerado até agora. Estou sugerindo que a forma de avaliação seja revista no sentido de que o aluno seja avaliado ou com mais de 1 prova de maior tempo de duração, ou cursando uma disciplina propriamente dita. Pois acredito fortemente que se um aluno dedicado erra numa prova, dificilmente cometeria o mesmo erro nas demais, tendo assim a possibilidade de se recuperar da queda e por conseqüência continuar com o doutorado."

Este ponto em particular creio ser o mais sensível; mesmo que um aluno consiga ser aprovado na segunda tentativa, ele já ficará irremediavelmente marcado pelo primeiro fracasso no exame: uma vez que o mesmo é uma disciplina, será grande a probabilidade do aluno não conseguir mais recursos das agências de fomento (bolsa de pós-doc, por exemplo), ou de não ser aprovado em concursos públicos (e.g., para professor), etc.

Ou ainda, ele nem poderá ter a segunda chance de passar no exame, pois a primeira reprovação pode acarretar em uma perda de bolsa de estudos, consequentemente sendo levado, mesmo contra a vontade, a abandonar o doutorado.

Uma maneira para diminuir o risco dessas consequências bastante negativas aos alunos, sem perda da qualidade que se deseja cobrar dos mesmos, seria simplesmente manter a prova obrigatória, porém não mais como disciplina.